Mt. 19.3-9
A intenção original dos fariseus sempre fora a de pegar Jesus em algum deslize num item sequer da lei de Moisés.
Suas perguntas a Cristo nunca tinham a inocência de um aluno perguntando a seu mestre, não; todas as curiosidades e perguntas dos fariseus dirigidas a Ele, sempre vinham carregada de malícias, eram capciosas e malignas.
Foi assim todas às vezes - “para terem de que o acusar”.
Este, por sua vez, é o propósito aqui do capitulo 19 de Mateus; onde Jesus é alvo de mais uma dessas perguntas capciosas, e agora a respeito do divórcio.
V. 3 – “É lícito ao marido repudiar sua mulher por qualquer motivo?”.
Edward Schweizer – "quando uma pessoa faz esse tipo de pergunta, está buscando maiores vantagens para si dentro dos limites do que é permissível. Ao fazer isso, terá destruído o casamento antes mesmo de começar".
Pois bem, os fariseus eram homens entendidos da lei e das interpretações rabínicas de seu tempo a respeito deste assunto.
Por volta do ano 20 a.C., duas escolas judaicas se dividiam na interpretação desta questão; uma que era ligada ao rabino Hillel e a outra ao rabino Shammai.
Esses dois mestres da Lei extraiam suas interpretações e divisões de um texto específico do A. T..
Dt. 24.1-4
Aqui, portanto, estava a grande discordância entre Hillel e Shammai.
Porque Shammai se valia da palavra “indecente”, ou seja, algo vergonhoso como o adultério como única justificativa legal para o divórcio;
E, Hillel se prendia a palavra “coisa”, tomando-a como qualquer motivo (coisa) que o marido achasse vergonhoso para assim dá carta de divórcio.
Shammai dizia que a única justificativa para o divorcio era o adultério, sendo esta a posição mais radical quanto ao assunto.
Já Hillel dizia que não, que por qualquer motivo, caso o homem visse qualquer coisa na sua mulher que não lhe agradasse mais, podia lhe dá carta de divórcio;
E nisto, tanto o homem quanto a mulher estariam liberados para casar de novo.
Hillel ensinava que se a mulher deixasse a comida queimar, ou se o vizinho a ouvisse falar alto em casa, ou se o marido achasse algum defeito em seu corpo, ou se achasse uma mais nova que lhe agradasse, era motivo de divorcio.
Enquanto que Shammai era de uma postura mais conservadora, Hillel era mais liberal, e esta era a posição mais aceita entre os judeus da época de Cristo.
Portanto, a pergunta dos fariseus vinha impregnada dessa idéia liberal acerca do divórcio por qualquer coisa.
Todavia, Jesus não se restringe a respondê-los conforme esperavam, mas aborda o assunto por uma vertente muito mais elevada e superior.
A resposta de Jesus vai ao âmago, na raiz de toda a questão.
Jesus fala da intenção original de Deus no casamento, não fazendo referencia à lei mosaica, mas ao relato da criação, escrito também pelo próprio Moisés.
V. 4-6
Jesus de uma só tacada lembra-lhes de Gn. 1.27 e 2.24.
Ele não dá atenção ao assunto divorcio, mas ao assunto casamento.
E com tal resposta surpreendente, o Mestre tem por finalidade mostrar o significado do casamento no plano original; não na forma em que o casamento é conduzido pela Lei em razão do pecado humano.
Mas sim que: “Deus fez o casamento para durar, por isso eles não deviam tratá-lo como se pudesse ser desfeito por qualquer motivo ou coisa”.
Os fariseus, então, acreditando que com esta resposta Jesus cavou sua própria cova, armou sua própria forca, logo em seguida lhe lançaram outra pergunta, como que dissessem: você está contrario a lei mosaica.
V. 7
O grande problema da interpretação dos fariseus quanto a Dt. 24, foi que eles transformaram uma concessão em mandamento – “nos mandou Moisés”.
Moisés em lugar algum do A. T. mandou ninguém se de divorciar por qualquer motivo não; isto não é um mandamento, mas uma concessão.
E Jesus, por sua vez, responde a eles qual era a causa da concessão mosaica.
V. 8 – “a dureza de vosso coração”.
Não há resposta mais direta para se detectar a causa de um casamento arruinado.
Aqui há um debate em torno da questão se Jesus revogou Dt 24.1-4; mas não, Ele não invalidou Dt. 24, invalidou sim a prática de distorcer o texto para acomodar os pecados do coração do homem.
E os fariseus e os escribas da época eram mestres nesta farsa interpretativa.
Cristo não está colocando o mandamento de Deus contra a palavra de Moisés.
Ele apenas apresenta o verdadeiro sentido de Dt 24., i.e., Deus faz provisão para o divórcio porque sabe que a capacidade destrutiva do pecado, no contexto de alguns matrimônios, é pior do que a cura de um recasamento posterior.
John Stott – “O motivo desta concessão é obscuro. Talvez seja porque se a “indecencia” dela era tão “desonrosa” que levou ao divórcio, também seria motivo suficiente para não aceitá-la de volta. Também pode ter a intenção de “advertir o marido” contra uma decisão precipitada, pois uma vez tomada não se podia mais reincidir”.
D. M. Lloyd-Jones – “A força desta interpretação reside, em fazer aquela gente ver que o casamento não é uma aventurazinha da qual podiam entrar e sair a seu bel-prazer. Antes, determinava a um homem que, se viesse a dar carta de divórcio a sua esposa, teria de fazê-lo permenentemente”.
Por isto Ele declarou que o problema do divórcio era a dureza de coração.
E Jesus mais uma vez volta ao seu tema original dizendo, que “não foi assim desde o principio”.
Enquanto os fariseus davam importância ao divorcio, Jesus dava importância ao casamento.
Mas Ele não pára aí, e no verso seguinte, mostra que ele tem uma doutrina radical quanto a esta concessão, revelando qual é a única clausula legal do divorcio entre um homem e uma mulher unidos por Deus.
V. 9 – “não sendo por causa de relações sexuais ilícitas...”.
Porque uma relação sexual ilícita é a única coisa que faz se dividir o que Deus uniu, pois nesse caso, já não são mais uma só carne.
Willian Hendriksen – “A infidelidade marital é uma ataque à própria essência do vínculo matrimonial. Neste caso o cônjuge que trai está “separando” o que Deus uniu”.
Quando os fariseus lhe perguntaram sobre um divorcio a qualquer motivo, aqui está a resposta, não por qualquer motivo, mas por um só motivo.
Como eles viviam baseados na interpretação de Hillel sobre este assunto, que por qualquer motivo banal vinha o divórcio, aí está, pois, a resposta de Jesus.
Diante da Lei este é o único motivo legal para o fim de um casamento.
Eis um sumário disso:
Mt. 5.31,32 – “Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério”.
Não é meu propósito aqui tratar da idéia de um segundo casamento, mas sim, do motivo que Jesus coloca como a única clausula justificável para um divórcio.
E devemos deixar bem claro que Paulo não entra em contradição com o ensino de Cristo, quando ensina em sua carta aos corintios sobre a separação, no caso de o cônjuge descrente abandonar irremediavelmente o lar não.
I Co. 7.10-15
John Stott – “Paulo admite o divorcio na base da deserção do cônjuge incrédulo”.
Confissão de Fé de Westminster, capítulo 24, seções V e VI diz:
“Posto que a corrupção do homem seja tal que o incline a procurar argumentos a fim de indevidamente separar aqueles que Deus uniu em matrimônio, contudo nada, senão o adultério é causa suficiente para dissolver os laços do matrimônio, a não ser que haja deserção tão obstinada eu não possa ser remediada nem pela igreja nem pelo magistrado civil...”.
Paulo não está lançando aqui outro argumento para o divórcio, está apenas demonstrando os desdobramentos de um casamento com jugo desigual.
Enquanto Cristo diz que a parte inocente, traída pode pedir o divórcio;
Paulo está afirmando que a parte culpada tem o direito de sair de casa, caso queira sair e assim o crente fica livre. Ou seja:
Cristo está falando da parte positiva do divorcio, e Paulo da parte negativa.
Enquanto que em um caso o inocente é ativo, noutro é totalmente passivo.
Portanto, o evangelho como todo só oferece ao homem, e principalmente quando este é crente, a clausula de divórcio justificável pelo adultério ou deserção do cônjuge incrédulo.
John MacArthur – “Os únicos fundamentos bíblicos para o divórcio são a infidelidade sexual de um dos cônjuges e o abandono irreversível do cônjuge descrente, por incompatibilizar-se com o cônjuge crente”.
No entanto, coloquemos um argumento relevante a toda essa questão mostrando que as perguntas dos fariseus a Cristo, eram apenas demonstração de como o casamento era irrelevante para eles, e como o divórcio era tido em importância.
Parece que um fariseu casava com a idéia na cabeça – “se não der certo eu separo”. O problema é que ele só pensava nele, e não na esposa, e não em Deus.
Toda esta explanação de como o divórcio era tratado na época de Cristo, leva-nos, então, a um questionamento urgente e intrigante:
v Temos nós, hoje, algo em comum com a visão dos fariseus acerca do divórcio?
v Até que ponto nós estamos falando a mesma língua deles a respeito do divórcio?
v Até onde nós comungamos com as idéias de Hillel quanto o divorcio por qualquer coisa?
Porque é interessante notar, quanta semelhança nós, gente pós-moderna, temos com o passado e suas filosofias de vida.
Pois, assim como naquele tempo os fariseus desvalorizavam o matrimonio e celebravam o divórcio, atualmente não é diferente entre nós; É?
E da mesma forma que eles inverteram os valores bíblicos acerca do matrimônio para aliviar seus pecados, estamos nós também fazendo à mesma coisa hoje.
No tempo pós-moderno, os próprios alicerces do casamento estão sendo abalados. A geração atual não aceita mais os absolutos de Deus.
Os marcos antigos foram arrancados e cada um vive a mercê de suas próprias idéias sem fundamentos morais e espirituais.
Comentários do tipo: “se não der certo a gente separa”, ou “não dei sorte no casamento”, ou “foi bom enquanto durou” se tornaram comuns em nosso tempo.
Não é atoa que as causas mais banais de divórcios enchem nossas paginas de pesquisas, revelando um índice estarrecedor em todo o país.
· Eu fiz uma pesquisa sobre as causas mais comuns de divórcio atualmente, tanto no meio de cristãos quanto de não cristãos, e obtive o seguinte resultado:
1) Incompatibilidade de gênio
2) Falta de diálogo
3) Vida sexual inativa
4) Vícios – como drogas, bebidas, cigarro e etc.
5) Violência verbal ou física
6) Crise financeira
7) Inversão de papeis dentro do lar
8) Vida profissional em primeiro lugar
9) Falta de maturidade
10) Traição conjugal
11) Espírito de morcego de igreja – é o crente que não sai de dentro da igreja, por isso nunca tem tempo para a esposa.
Bem, é assim que a sociedade moderna lida com a questão do divórcio, de separar o que é indissolúvel para Deus.
Com tudo isso fica claro que, a única clausula de exceção de Cristo para o divórcio, foi trocada por qualquer coisa que se ache não agradar mais no cônjuge. Hillel ainda fala.
É perceptível que o casamento, instituído como uma benção por Deus, como graça divina para vida humana, foi transformado em aventuras irresponsáveis da existência.
· Eu tive o privilegio de conversar com uma das maiores autoridades sobre este assunto no mundo, Jaime Kemp, e lhe fiz a seguinte pergunta:
– Eu: Por que os casamentos hoje chegam ao fim com tanta facilidade?
– Jaime: Leve em conta que o casamento hoje é analisado a partir da idéia de realização pessoal, da satisfação de necessidades e expectativas fantasiosas. Portanto, se o meu cônjuge não suprir as expectativas que eu tinha em relação a ela, a solução é simples: coloca-se um ponto final na união.
– O próprio Jaime Kemp diz em seu livro “A arte de permanecer casado” que os casamentos se acabam, “porque as pessoas colocam a felicidade antes do compromisso”, a “auto-realização antes dos votos do altar”.
John Piper – “Para algumas pessoas o casamento não tem sentido, se não houver uma porta dos fundos por onde elas possam sair caso tudo dê errado”.
· Numa redação escolar baseada no poema “O caso do vestido” de Carlos Drumond de Andrade; Roberto um adolescente comenta o seguinte: “Em um casamento as pessoas tem que ser fiéis e um amar ao outro. Por isso na cerimônia religiosa juram que se amarão e se respeitarão. Mas hoje você vê muitos casos em que as pessoas não fazem o que prometem...”.
É notório que a idéia de “casamento até que a morte os separe” está vivendo uma crise de decadência assombrosa em todos os quadrantes da terra.
De uma vez por todas podemos dizer que o casamento está banalizado.
E junto com todo esse descaso, vêm os altos índices de divórcios espalhados por toda a nação e no mundo.
· O jornal “O Estado de São Paulo” de 08 de dezembro de 2009 mostrou a matéria sobre uma pesquisa do IBGE dizendo que:
“O crescimento do número de divórcios vem acompanhando a expansão da urbanização do País. Em 2007, quando a população urbana ultrapassou a faixa dos 80% da população do País, a taxa de divórcio chegou a 1,49 por mil habitantes - um crescimento de cerca de 200% com relação a 1984, quando o IBGE começou a registrá-la. Em números absolutos, os divórcios passaram de 30.847, em 1984, para 179.342, em 2007. Somando separações e divórcios, houve 231.329 uniões desfeitas em 2007 - uma para cada quatro casamentos”.
· Nos Estados Unidos, os divórcios também triplicaram nos últimos vinte anos, o número de filhos vivendo com apenas um dos pais dobrou desde 1970. Na Inglaterra, as famílias não convencionais, resultantes de divórcios e separações, serão maioria dentro de apenas dez anos.
· A Revista VEJA do dia 17/03/1999 lançou uma reportagem sobre o novo padrão familiar no Brasil, declarando o seguinte a respeito do divorcio:“O número de divórcios quase dobrou no Brasil em apenas dez anos. Já são cerca de 200.000 por ano. Um em cada quatro casamentos termina em separação. De cada cinco bebês que estão nascendo neste ano, um vai viver em família de pais separados antes de atingir a vida adulta. Hoje, há no Brasil aproximadamente 14 milhões de famílias resultantes do divórcio”.
· E um estudo sobre o divorcio no Brasil feito pela BBC, apontou a Rede Globo como uma das grandes causadoras de divórcio no país, este declara:
“Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sugere uma ligação entre as populares novelas da TV Globo e um aumento no número de divórcios no Brasil nas últimas décadas. Na pesquisa, foi feito um cruzamento de informações extraídas de censos nos anos 70, 80 e 90 e dados sobre a expansão do sinal da Globo – cujas novelas chegavam a 98% dos municípios do país na década de 90. Segundo os autores do estudo, Alberto Chong e Eliana La Ferrara, “a parcela de mulheres que se separaram ou se divorciaram aumenta significativamente depois que o sinal da Globo se torna disponível” nas cidades do país. Foram analisadas 115 novelas transmitidas pela Globo entre 1965 e 1999. Nelas, 62% das principais personagens femininas não tinham filhos e 26% eram infiéis a seus parceiros. O enredo das novelas freqüentemente inclui críticas a valores tradicionais e, desde os anos 60, uma porcentagem significativa das personagens femininas não reflete os papéis tradicionais de comportamento reservados às mulheres na sociedade. A exposição a estilos de vida modernos mostrados na TV, a funções desempenhadas por mulheres emancipadas e a uma crítica aos valores tradicionais mostrou estar associada aos aumentos nas frações de mulheres separadas e divorciadas nas áreas municipais brasileiras, diz a pesquisa”.
· E especificamente no meio cristão, um estudo realizado pelo “Barna Research Group” revela que o índice de divórcio entre os cristãos americanos está realmente um pouco mais elevado do que entre os que não são cristãos. Entre os adultos que não são cristãos, 24 por cento estão atualmente ou já estiveram divorciados. Em comparação, 27 por cento dos crentes que acham que nasceram de novo estão nessa”.
66. Isto é terrível para o nosso testemunho cristão. Terrível!
67. Todavia, sendo que as causas são irrelevantes para se divorciar atualmente, quanto mais às conseqüências vão importar alguma coisa.
· Um estudo cientifico prova as conseqüências do divorcio na saúde dos divorciados
“O divórcio tem efeitos nocivos e duradouros na saúde dos envolvidos que mesmo um novo casamento não consegue reparar, afirma um estudo americano. A pesquisa da Universidade de Chicago foi feita com dados de 8.652 pessoas com idades entre 51 e 61. O estudo apontou que entre os divorciados a incidência de doenças crônicas – como câncer – era 20% maior do que entre pessoas que nunca casaram. O índice cai para 12% entre aqueles que casaram novamente, afirma o estudo publicado na revista científica Journal of Health and Social Behavior”.
John Piper – “O divórcio é doloroso. Em termos emocionais, é quase sempre mais angustiante que a morte do cônjuge. Demora anos para concretizar-se e anos para que os cônjuges se adaptem à nova situação. Há uma reviravolta incomensurável na vida. O desempenho no trabalho é prejudicado. Os amigos se aproximam ou se afastam com sentimentos incertos. A solidão é terrível. A troca de acusações no tribunal aumenta o sofrimento. As crianças entra em jogo. A pensão. A custódia. O direito de visita aos filhos. Em razão desses e de muitos outros fatores o divorcio é a pior saída para um casal cristão”.
· Um garoto de doze anos orava pedindo a Deus para morrer, pois só assim os pais se sentiriam culpados, e voltariam um para o outro.
Alguém definiu: “O divórcio é um funeral eterno”.
Portanto, a fim de que ninguém venha experimentar vivo este “funeral eterno”, devemos perguntar:
v Qual é o papel do marido e da esposa a luz destas questões?
v A luz do evangelho, qual é o papel do marido e da esposa?
R: É o de manter viva, acesa as chamas e brasas do matrimônio acendidas no altar da aliança, a fim de não se tornar caso de vergonha palmilhando o caminho do divórcio.
Já que hoje é tão fácil se divorciar, sem muita burocracia, pelo menos é o que diz a Lei 11.411.
O papel de um casal a luz do evangelho, é o de não fazer parte desses índices.
O que temos diante de nós é um desafio dos nossos tempos, ou seja, preservar um casamento único e indissolúvel, quando ao nosso lado o divórcio é barateado e oferecido como a melhor opção.
v E como manter vivas e acesas tais chamas e brasas do matrimonio?
v Como dá um sentido real e vivo aos votos feitos no altar em tempos tão difíceis?
1º) Lembre-se sempre que o seu casamento tem origem em Deus e não em você mesmo.
V. 4,5 – “o Criador”.
Casamento não é invenção humana, mas criação divina, por isso não pode ser desconsiderado e tratado de qualquer maneira. Foi Deus quem o criou.
Casamento é idéia original de Deus e não do homem. Foi Ele quem o estabeleceu.
2º) Celebre o privilegio de ter Deus como a fonte da união entre você e seu cônjuge.
V. 6 – “o que Deus ajuntou, uniu...”.
Seu casamento não é valido na eternidade só porque o juiz de paz lhe garantiu, mas antes, porque o próprio Deus lhe ajuntou, uniu ao seu cônjuge lhe chamando da casa de seus pais e realizando o grande mistério do matrimônio em vocês – transformando-os em uma só carne.
3º) Nunca se aposse da idéia de que você pode se separar por qualquer motivo.
V. 6 – “... não o separe o homem”.
Se foi Deus que lhe uniu, então só Ele pode separá-lo, e creio eu que Ele não quer fazer isso.
Muito pelo contraio, diz as Escrituras que Ele odeia o divórcio (Ml. 2.16).
Matthew Henry – “Homem nenhum tem autoridade para separar o que Deus uniu: nem marido, nem esposa, nem juiz, nem o sacerdote religioso”.
Normam Geisler – “O divórcio jamais representa a norma ou padrão de Deus para o homem”.
Jay Adams – “O divórcio é uma inovação humana”.
Portanto, onde quer que o divórcio aconteça, ele não é o perfeito propósito de Deus para o casamento.
4º) Cuide do seu coração, não o permita se endurecer em relação a seu cônjuge.
Foi somente por esta questão de coração endurecido, que Moisés abriu concessão em se dá carta de divórcio a esposa.
E Jesus aplicou isto muito bem em sua resposta aos fariseus, mostrando-lhes que não havia nada de errado com o casamento criado por Deus, o problema era o coração deles. O mal está sempre aí, no coração.
É “por causa da dureza dos vossos corações” disse Jesus.
Então, saibamos com isso, que o nosso casamento é uma benção de Deus para nós, mas o nosso coração endurecido é perito em transformá-lo em maldição.
v Por que casamentos com mais de trinta anos de existência desembocam no divórcio?
v Por quais motivos os votos tão prometidos no altar são esquecidos na hora da assinatura do divórcio?
v Por que muitos casamentos vivem em constante “estresse conjugal”?
v O que leva a um matrimônio, com tão boas expectativas no namoro e no noivado, chegar as barras de um tribunal a ferro e fogo?
· Certo irmão me procurou no trabalho e disse que não entendia porque depois de 16 anos de casados, com um filho para criar, sua mulher do nada resolveu se separar. Detalhe: são “crentes”.
· Certa mulher procurava desesperadamente um filme sobre casais que estavam em crise e que restauraram seu casamento, porque seu marido tinha saído a uma semana de casa sem a menor justificativa legal. Todos dois se dizem crentes em Cristo.
v O que leva um casal chegar a esse triste fim?
Jesus respondeu: “por causa da dureza dos vossos corações”.
v Quais são as evidências de um coração conjugal endurecido?
1) A santidade é extirpada dos vínculos matrimoniais.
1. O respeito mútuo desaparece e surgem:
a) os palavrões debaixo calão
b) as brigas intermináveis por picuinhas
c) os desentendimentos na área sexual
d) as desconfianças e ciúmes
e) as mentiras e enganos
f) as violência domestica física e verbal
g) os desencontros de assunto a conversar
h) as desconsiderações sobre o que a Bíblia diz sobre o divórcio
i) as tentações sexuais se valendo de carência emocional e etc.
Hb. 13.4 – “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros”.
2. Esta grande verdade e ordenança bíblica, não fazem mais sentido algum para um coração conjugal endurecido.
v Como está a santidade de seu casamento?
2) A estrutura matrimonial segundo a Criação, é desequilibrada.
· Quando Paulo escreve aos coríntios falando a respeito da mulher usar véu na cabeça em sinal de submissão, ele nos apresenta a estrutura matrimonial da Criação muito bem definida.
I Co. 11.8-12
Ef. 5.22-25
I Pe. 3.1-2,7
3. Pois bem, essa estrutura está totalmente de cabeça para baixo em nossos tempos.
4. Apesar de haver muitas interpretações errôneas quanto a estes versos bíblicos;
5. Já não podemos mais dizer que a mulher é a parte frágil, e muito menos que o marido é a cabeça do lar.
6. Os homens têm perdido a autoridade moral e espiritual dentro de seus lares, e as mulheres, com um senso maior de independência, tem tomado à dianteira.
7. Até porque muitos homens já nem são exemplos morais de autoridade dentro de casa; e quando querem se impor, é no grito e não com exemplo de vida e pratica.
8. O que a sociedade caída chama de “tempos modernos”, as Escrituras chama de desequilíbrio e pecado.
9. Hoje é normal ver homens em casa cumprindo o dever das mulheres, e as esposas cumprindo o dever dos homens.
10. Claro que por vivermos em uma demanda geo-ocupacional e as mulheres terem de trabalhar fora, isto em momento algum é motivo para o homem tomar o segundo lugar em casa e a mulher o primeiro.
11. Eu não estou dizendo que o marido não possa ajudar a esposa em alguns afazeres domésticos, mas sim, que este não é o papel primário do homem perante a família.
v Todavia, não é isto que temos visto em nossos dias?
Ø A mulher é quem compra o carro
Ø A mulher é quem compra a casa
Ø A mulher é quem tem as senhas do banco
Ø A mulher é quem tem o domínio do cartão de crédito
Ø A mulher é quem demanda as diretrizes do lar
Ø A mulher é quem rege o setor financeiro da família
Ø A mulher é quem comanda o casamento e etc.
12. E o marido está lá feito um banana perguntando: “amor e o que é que eu faço?”.
Alguém disse: “É o varão e a varunca, manda ela e ele nunca”.
v Quem é a autoridade final em seu casamento, você ou sua mulher?
13. Portanto, este é mais um problema de coração conjugal endurecido pelas filosofias matrimoniais de nossa época.
14. Cuidado! Analise se seu coração não está nessas condições de insubmissão a seu marido; caso esteja, busque ajuda, pois você está em grave pecado contra Deus.
15. Ou você, marido, analise se não se encontra nessa situação de perca de liderança matrimonial, caso esteja, busque retomá-la das mãos de sua mulher com muita sabedoria, pois você está em pecado contra Deus e prestará contas por isso.
16. Tudo isto acontece por causa da “dureza do nosso coração”, e resulta num divórcio.
3) O divórcio, e não o perdão é a melhor opção.
1. Um coração endurecido pelo peso das mágoas é incapaz de perdoar.
2. E muitos aqui hoje estão com o coração, em algum lugar lá dentro, endurecido por causa de alguma ferida aberta do passado que não cicatrizou.
3. Feridas mal curadas do passado de vez em quando são inflamadas rapidamente.
4. Na primeira discussão, tudo vem à tona novamente e com isto todo o terror.
5. Então, está explicado porque muitos preferem o divórcio, ao invés do perdão.
6. Todavia, é necessário ficarmos com o que Cristo disse, a fim de preservarmos o nosso casamento do mal chamado divórcio.
V. 8 – “... não foi assim desde o princípio”.
7. No princípio Deus instituiu o casamento para ele durar a vida toda.
8. Divórcio é invenção humana, e não do Senhor. É da terra e não do céu.
9. Então, cabe a mim e a você preservar nossos casamentos a luz desse grande princípio.
10. Buscando viver com um coração sensível a Deus e suas verdades.
11. Um coração sensível ao nosso cônjuge com o compromisso de fidelidade, amor, respeito, carinho, atenção, submissão ou autoridade no Senhor.
12. Que Deus nos livre do infernal divórcio, e que a sua bênção repouse sobre cada matrimonio aqui representado.
Crisóstomo reuniu, adequadamente, este assunto às bem-aventuranças e comentou em sua homilia: “Pois aquele que é manso, pacificador, humilde de espírito e misericordioso, como poderia repudiar seu cônjuge? Aquele que está acostumado a reconciliar os outros, como poderia se separar daquela que é a sua própria carne?”.
John Stott – “Entendendo o ideal, propósito e chamamento divinos ao matrimônio, o divórcio só pode ser considerado uma trágica degeneração”.
13. Que nossa oração seja: Oh Deus, livra-nos da degeneração do divórcio.
14. Concluímos, então, dizendo que, o papel do marido e da esposa a luz do evangelho, é o de manter vivos e atuantes os votos feitos no dia oficial de casamento.
v Você ainda lembra de quais foram os votos que fez lá no altar?
A intenção original dos fariseus sempre fora a de pegar Jesus em algum deslize num item sequer da lei de Moisés.
Suas perguntas a Cristo nunca tinham a inocência de um aluno perguntando a seu mestre, não; todas as curiosidades e perguntas dos fariseus dirigidas a Ele, sempre vinham carregada de malícias, eram capciosas e malignas.
Foi assim todas às vezes - “para terem de que o acusar”.
Este, por sua vez, é o propósito aqui do capitulo 19 de Mateus; onde Jesus é alvo de mais uma dessas perguntas capciosas, e agora a respeito do divórcio.
V. 3 – “É lícito ao marido repudiar sua mulher por qualquer motivo?”.
Edward Schweizer – "quando uma pessoa faz esse tipo de pergunta, está buscando maiores vantagens para si dentro dos limites do que é permissível. Ao fazer isso, terá destruído o casamento antes mesmo de começar".
Pois bem, os fariseus eram homens entendidos da lei e das interpretações rabínicas de seu tempo a respeito deste assunto.
Por volta do ano 20 a.C., duas escolas judaicas se dividiam na interpretação desta questão; uma que era ligada ao rabino Hillel e a outra ao rabino Shammai.
Esses dois mestres da Lei extraiam suas interpretações e divisões de um texto específico do A. T..
Dt. 24.1-4
Aqui, portanto, estava a grande discordância entre Hillel e Shammai.
Porque Shammai se valia da palavra “indecente”, ou seja, algo vergonhoso como o adultério como única justificativa legal para o divórcio;
E, Hillel se prendia a palavra “coisa”, tomando-a como qualquer motivo (coisa) que o marido achasse vergonhoso para assim dá carta de divórcio.
Shammai dizia que a única justificativa para o divorcio era o adultério, sendo esta a posição mais radical quanto ao assunto.
Já Hillel dizia que não, que por qualquer motivo, caso o homem visse qualquer coisa na sua mulher que não lhe agradasse mais, podia lhe dá carta de divórcio;
E nisto, tanto o homem quanto a mulher estariam liberados para casar de novo.
Hillel ensinava que se a mulher deixasse a comida queimar, ou se o vizinho a ouvisse falar alto em casa, ou se o marido achasse algum defeito em seu corpo, ou se achasse uma mais nova que lhe agradasse, era motivo de divorcio.
Enquanto que Shammai era de uma postura mais conservadora, Hillel era mais liberal, e esta era a posição mais aceita entre os judeus da época de Cristo.
Portanto, a pergunta dos fariseus vinha impregnada dessa idéia liberal acerca do divórcio por qualquer coisa.
Todavia, Jesus não se restringe a respondê-los conforme esperavam, mas aborda o assunto por uma vertente muito mais elevada e superior.
A resposta de Jesus vai ao âmago, na raiz de toda a questão.
Jesus fala da intenção original de Deus no casamento, não fazendo referencia à lei mosaica, mas ao relato da criação, escrito também pelo próprio Moisés.
V. 4-6
Jesus de uma só tacada lembra-lhes de Gn. 1.27 e 2.24.
Ele não dá atenção ao assunto divorcio, mas ao assunto casamento.
E com tal resposta surpreendente, o Mestre tem por finalidade mostrar o significado do casamento no plano original; não na forma em que o casamento é conduzido pela Lei em razão do pecado humano.
Mas sim que: “Deus fez o casamento para durar, por isso eles não deviam tratá-lo como se pudesse ser desfeito por qualquer motivo ou coisa”.
Os fariseus, então, acreditando que com esta resposta Jesus cavou sua própria cova, armou sua própria forca, logo em seguida lhe lançaram outra pergunta, como que dissessem: você está contrario a lei mosaica.
V. 7
O grande problema da interpretação dos fariseus quanto a Dt. 24, foi que eles transformaram uma concessão em mandamento – “nos mandou Moisés”.
Moisés em lugar algum do A. T. mandou ninguém se de divorciar por qualquer motivo não; isto não é um mandamento, mas uma concessão.
E Jesus, por sua vez, responde a eles qual era a causa da concessão mosaica.
V. 8 – “a dureza de vosso coração”.
Não há resposta mais direta para se detectar a causa de um casamento arruinado.
Aqui há um debate em torno da questão se Jesus revogou Dt 24.1-4; mas não, Ele não invalidou Dt. 24, invalidou sim a prática de distorcer o texto para acomodar os pecados do coração do homem.
E os fariseus e os escribas da época eram mestres nesta farsa interpretativa.
Cristo não está colocando o mandamento de Deus contra a palavra de Moisés.
Ele apenas apresenta o verdadeiro sentido de Dt 24., i.e., Deus faz provisão para o divórcio porque sabe que a capacidade destrutiva do pecado, no contexto de alguns matrimônios, é pior do que a cura de um recasamento posterior.
John Stott – “O motivo desta concessão é obscuro. Talvez seja porque se a “indecencia” dela era tão “desonrosa” que levou ao divórcio, também seria motivo suficiente para não aceitá-la de volta. Também pode ter a intenção de “advertir o marido” contra uma decisão precipitada, pois uma vez tomada não se podia mais reincidir”.
D. M. Lloyd-Jones – “A força desta interpretação reside, em fazer aquela gente ver que o casamento não é uma aventurazinha da qual podiam entrar e sair a seu bel-prazer. Antes, determinava a um homem que, se viesse a dar carta de divórcio a sua esposa, teria de fazê-lo permenentemente”.
Por isto Ele declarou que o problema do divórcio era a dureza de coração.
E Jesus mais uma vez volta ao seu tema original dizendo, que “não foi assim desde o principio”.
Enquanto os fariseus davam importância ao divorcio, Jesus dava importância ao casamento.
Mas Ele não pára aí, e no verso seguinte, mostra que ele tem uma doutrina radical quanto a esta concessão, revelando qual é a única clausula legal do divorcio entre um homem e uma mulher unidos por Deus.
V. 9 – “não sendo por causa de relações sexuais ilícitas...”.
Porque uma relação sexual ilícita é a única coisa que faz se dividir o que Deus uniu, pois nesse caso, já não são mais uma só carne.
Willian Hendriksen – “A infidelidade marital é uma ataque à própria essência do vínculo matrimonial. Neste caso o cônjuge que trai está “separando” o que Deus uniu”.
Quando os fariseus lhe perguntaram sobre um divorcio a qualquer motivo, aqui está a resposta, não por qualquer motivo, mas por um só motivo.
Como eles viviam baseados na interpretação de Hillel sobre este assunto, que por qualquer motivo banal vinha o divórcio, aí está, pois, a resposta de Jesus.
Diante da Lei este é o único motivo legal para o fim de um casamento.
Eis um sumário disso:
Mt. 5.31,32 – “Também foi dito: Aquele que repudiar sua mulher, dê-lhe carta de divórcio. Eu, porém, vos digo: qualquer que repudiar sua mulher, exceto em caso de relações sexuais ilícitas, a expõe a tornar-se adúltera; e aquele que casar com a repudiada comete adultério”.
Não é meu propósito aqui tratar da idéia de um segundo casamento, mas sim, do motivo que Jesus coloca como a única clausula justificável para um divórcio.
E devemos deixar bem claro que Paulo não entra em contradição com o ensino de Cristo, quando ensina em sua carta aos corintios sobre a separação, no caso de o cônjuge descrente abandonar irremediavelmente o lar não.
I Co. 7.10-15
John Stott – “Paulo admite o divorcio na base da deserção do cônjuge incrédulo”.
Confissão de Fé de Westminster, capítulo 24, seções V e VI diz:
“Posto que a corrupção do homem seja tal que o incline a procurar argumentos a fim de indevidamente separar aqueles que Deus uniu em matrimônio, contudo nada, senão o adultério é causa suficiente para dissolver os laços do matrimônio, a não ser que haja deserção tão obstinada eu não possa ser remediada nem pela igreja nem pelo magistrado civil...”.
Paulo não está lançando aqui outro argumento para o divórcio, está apenas demonstrando os desdobramentos de um casamento com jugo desigual.
Enquanto Cristo diz que a parte inocente, traída pode pedir o divórcio;
Paulo está afirmando que a parte culpada tem o direito de sair de casa, caso queira sair e assim o crente fica livre. Ou seja:
Cristo está falando da parte positiva do divorcio, e Paulo da parte negativa.
Enquanto que em um caso o inocente é ativo, noutro é totalmente passivo.
Portanto, o evangelho como todo só oferece ao homem, e principalmente quando este é crente, a clausula de divórcio justificável pelo adultério ou deserção do cônjuge incrédulo.
John MacArthur – “Os únicos fundamentos bíblicos para o divórcio são a infidelidade sexual de um dos cônjuges e o abandono irreversível do cônjuge descrente, por incompatibilizar-se com o cônjuge crente”.
No entanto, coloquemos um argumento relevante a toda essa questão mostrando que as perguntas dos fariseus a Cristo, eram apenas demonstração de como o casamento era irrelevante para eles, e como o divórcio era tido em importância.
Parece que um fariseu casava com a idéia na cabeça – “se não der certo eu separo”. O problema é que ele só pensava nele, e não na esposa, e não em Deus.
Toda esta explanação de como o divórcio era tratado na época de Cristo, leva-nos, então, a um questionamento urgente e intrigante:
v Temos nós, hoje, algo em comum com a visão dos fariseus acerca do divórcio?
v Até que ponto nós estamos falando a mesma língua deles a respeito do divórcio?
v Até onde nós comungamos com as idéias de Hillel quanto o divorcio por qualquer coisa?
Porque é interessante notar, quanta semelhança nós, gente pós-moderna, temos com o passado e suas filosofias de vida.
Pois, assim como naquele tempo os fariseus desvalorizavam o matrimonio e celebravam o divórcio, atualmente não é diferente entre nós; É?
E da mesma forma que eles inverteram os valores bíblicos acerca do matrimônio para aliviar seus pecados, estamos nós também fazendo à mesma coisa hoje.
No tempo pós-moderno, os próprios alicerces do casamento estão sendo abalados. A geração atual não aceita mais os absolutos de Deus.
Os marcos antigos foram arrancados e cada um vive a mercê de suas próprias idéias sem fundamentos morais e espirituais.
Comentários do tipo: “se não der certo a gente separa”, ou “não dei sorte no casamento”, ou “foi bom enquanto durou” se tornaram comuns em nosso tempo.
Não é atoa que as causas mais banais de divórcios enchem nossas paginas de pesquisas, revelando um índice estarrecedor em todo o país.
· Eu fiz uma pesquisa sobre as causas mais comuns de divórcio atualmente, tanto no meio de cristãos quanto de não cristãos, e obtive o seguinte resultado:
1) Incompatibilidade de gênio
2) Falta de diálogo
3) Vida sexual inativa
4) Vícios – como drogas, bebidas, cigarro e etc.
5) Violência verbal ou física
6) Crise financeira
7) Inversão de papeis dentro do lar
8) Vida profissional em primeiro lugar
9) Falta de maturidade
10) Traição conjugal
11) Espírito de morcego de igreja – é o crente que não sai de dentro da igreja, por isso nunca tem tempo para a esposa.
Bem, é assim que a sociedade moderna lida com a questão do divórcio, de separar o que é indissolúvel para Deus.
Com tudo isso fica claro que, a única clausula de exceção de Cristo para o divórcio, foi trocada por qualquer coisa que se ache não agradar mais no cônjuge. Hillel ainda fala.
É perceptível que o casamento, instituído como uma benção por Deus, como graça divina para vida humana, foi transformado em aventuras irresponsáveis da existência.
· Eu tive o privilegio de conversar com uma das maiores autoridades sobre este assunto no mundo, Jaime Kemp, e lhe fiz a seguinte pergunta:
– Eu: Por que os casamentos hoje chegam ao fim com tanta facilidade?
– Jaime: Leve em conta que o casamento hoje é analisado a partir da idéia de realização pessoal, da satisfação de necessidades e expectativas fantasiosas. Portanto, se o meu cônjuge não suprir as expectativas que eu tinha em relação a ela, a solução é simples: coloca-se um ponto final na união.
– O próprio Jaime Kemp diz em seu livro “A arte de permanecer casado” que os casamentos se acabam, “porque as pessoas colocam a felicidade antes do compromisso”, a “auto-realização antes dos votos do altar”.
John Piper – “Para algumas pessoas o casamento não tem sentido, se não houver uma porta dos fundos por onde elas possam sair caso tudo dê errado”.
· Numa redação escolar baseada no poema “O caso do vestido” de Carlos Drumond de Andrade; Roberto um adolescente comenta o seguinte: “Em um casamento as pessoas tem que ser fiéis e um amar ao outro. Por isso na cerimônia religiosa juram que se amarão e se respeitarão. Mas hoje você vê muitos casos em que as pessoas não fazem o que prometem...”.
É notório que a idéia de “casamento até que a morte os separe” está vivendo uma crise de decadência assombrosa em todos os quadrantes da terra.
De uma vez por todas podemos dizer que o casamento está banalizado.
E junto com todo esse descaso, vêm os altos índices de divórcios espalhados por toda a nação e no mundo.
· O jornal “O Estado de São Paulo” de 08 de dezembro de 2009 mostrou a matéria sobre uma pesquisa do IBGE dizendo que:
“O crescimento do número de divórcios vem acompanhando a expansão da urbanização do País. Em 2007, quando a população urbana ultrapassou a faixa dos 80% da população do País, a taxa de divórcio chegou a 1,49 por mil habitantes - um crescimento de cerca de 200% com relação a 1984, quando o IBGE começou a registrá-la. Em números absolutos, os divórcios passaram de 30.847, em 1984, para 179.342, em 2007. Somando separações e divórcios, houve 231.329 uniões desfeitas em 2007 - uma para cada quatro casamentos”.
· Nos Estados Unidos, os divórcios também triplicaram nos últimos vinte anos, o número de filhos vivendo com apenas um dos pais dobrou desde 1970. Na Inglaterra, as famílias não convencionais, resultantes de divórcios e separações, serão maioria dentro de apenas dez anos.
· A Revista VEJA do dia 17/03/1999 lançou uma reportagem sobre o novo padrão familiar no Brasil, declarando o seguinte a respeito do divorcio:“O número de divórcios quase dobrou no Brasil em apenas dez anos. Já são cerca de 200.000 por ano. Um em cada quatro casamentos termina em separação. De cada cinco bebês que estão nascendo neste ano, um vai viver em família de pais separados antes de atingir a vida adulta. Hoje, há no Brasil aproximadamente 14 milhões de famílias resultantes do divórcio”.
· E um estudo sobre o divorcio no Brasil feito pela BBC, apontou a Rede Globo como uma das grandes causadoras de divórcio no país, este declara:
“Um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) sugere uma ligação entre as populares novelas da TV Globo e um aumento no número de divórcios no Brasil nas últimas décadas. Na pesquisa, foi feito um cruzamento de informações extraídas de censos nos anos 70, 80 e 90 e dados sobre a expansão do sinal da Globo – cujas novelas chegavam a 98% dos municípios do país na década de 90. Segundo os autores do estudo, Alberto Chong e Eliana La Ferrara, “a parcela de mulheres que se separaram ou se divorciaram aumenta significativamente depois que o sinal da Globo se torna disponível” nas cidades do país. Foram analisadas 115 novelas transmitidas pela Globo entre 1965 e 1999. Nelas, 62% das principais personagens femininas não tinham filhos e 26% eram infiéis a seus parceiros. O enredo das novelas freqüentemente inclui críticas a valores tradicionais e, desde os anos 60, uma porcentagem significativa das personagens femininas não reflete os papéis tradicionais de comportamento reservados às mulheres na sociedade. A exposição a estilos de vida modernos mostrados na TV, a funções desempenhadas por mulheres emancipadas e a uma crítica aos valores tradicionais mostrou estar associada aos aumentos nas frações de mulheres separadas e divorciadas nas áreas municipais brasileiras, diz a pesquisa”.
· E especificamente no meio cristão, um estudo realizado pelo “Barna Research Group” revela que o índice de divórcio entre os cristãos americanos está realmente um pouco mais elevado do que entre os que não são cristãos. Entre os adultos que não são cristãos, 24 por cento estão atualmente ou já estiveram divorciados. Em comparação, 27 por cento dos crentes que acham que nasceram de novo estão nessa”.
66. Isto é terrível para o nosso testemunho cristão. Terrível!
67. Todavia, sendo que as causas são irrelevantes para se divorciar atualmente, quanto mais às conseqüências vão importar alguma coisa.
· Um estudo cientifico prova as conseqüências do divorcio na saúde dos divorciados
“O divórcio tem efeitos nocivos e duradouros na saúde dos envolvidos que mesmo um novo casamento não consegue reparar, afirma um estudo americano. A pesquisa da Universidade de Chicago foi feita com dados de 8.652 pessoas com idades entre 51 e 61. O estudo apontou que entre os divorciados a incidência de doenças crônicas – como câncer – era 20% maior do que entre pessoas que nunca casaram. O índice cai para 12% entre aqueles que casaram novamente, afirma o estudo publicado na revista científica Journal of Health and Social Behavior”.
John Piper – “O divórcio é doloroso. Em termos emocionais, é quase sempre mais angustiante que a morte do cônjuge. Demora anos para concretizar-se e anos para que os cônjuges se adaptem à nova situação. Há uma reviravolta incomensurável na vida. O desempenho no trabalho é prejudicado. Os amigos se aproximam ou se afastam com sentimentos incertos. A solidão é terrível. A troca de acusações no tribunal aumenta o sofrimento. As crianças entra em jogo. A pensão. A custódia. O direito de visita aos filhos. Em razão desses e de muitos outros fatores o divorcio é a pior saída para um casal cristão”.
· Um garoto de doze anos orava pedindo a Deus para morrer, pois só assim os pais se sentiriam culpados, e voltariam um para o outro.
Alguém definiu: “O divórcio é um funeral eterno”.
Portanto, a fim de que ninguém venha experimentar vivo este “funeral eterno”, devemos perguntar:
v Qual é o papel do marido e da esposa a luz destas questões?
v A luz do evangelho, qual é o papel do marido e da esposa?
R: É o de manter viva, acesa as chamas e brasas do matrimônio acendidas no altar da aliança, a fim de não se tornar caso de vergonha palmilhando o caminho do divórcio.
Já que hoje é tão fácil se divorciar, sem muita burocracia, pelo menos é o que diz a Lei 11.411.
O papel de um casal a luz do evangelho, é o de não fazer parte desses índices.
O que temos diante de nós é um desafio dos nossos tempos, ou seja, preservar um casamento único e indissolúvel, quando ao nosso lado o divórcio é barateado e oferecido como a melhor opção.
v E como manter vivas e acesas tais chamas e brasas do matrimonio?
v Como dá um sentido real e vivo aos votos feitos no altar em tempos tão difíceis?
1º) Lembre-se sempre que o seu casamento tem origem em Deus e não em você mesmo.
V. 4,5 – “o Criador”.
Casamento não é invenção humana, mas criação divina, por isso não pode ser desconsiderado e tratado de qualquer maneira. Foi Deus quem o criou.
Casamento é idéia original de Deus e não do homem. Foi Ele quem o estabeleceu.
2º) Celebre o privilegio de ter Deus como a fonte da união entre você e seu cônjuge.
V. 6 – “o que Deus ajuntou, uniu...”.
Seu casamento não é valido na eternidade só porque o juiz de paz lhe garantiu, mas antes, porque o próprio Deus lhe ajuntou, uniu ao seu cônjuge lhe chamando da casa de seus pais e realizando o grande mistério do matrimônio em vocês – transformando-os em uma só carne.
3º) Nunca se aposse da idéia de que você pode se separar por qualquer motivo.
V. 6 – “... não o separe o homem”.
Se foi Deus que lhe uniu, então só Ele pode separá-lo, e creio eu que Ele não quer fazer isso.
Muito pelo contraio, diz as Escrituras que Ele odeia o divórcio (Ml. 2.16).
Matthew Henry – “Homem nenhum tem autoridade para separar o que Deus uniu: nem marido, nem esposa, nem juiz, nem o sacerdote religioso”.
Normam Geisler – “O divórcio jamais representa a norma ou padrão de Deus para o homem”.
Jay Adams – “O divórcio é uma inovação humana”.
Portanto, onde quer que o divórcio aconteça, ele não é o perfeito propósito de Deus para o casamento.
4º) Cuide do seu coração, não o permita se endurecer em relação a seu cônjuge.
Foi somente por esta questão de coração endurecido, que Moisés abriu concessão em se dá carta de divórcio a esposa.
E Jesus aplicou isto muito bem em sua resposta aos fariseus, mostrando-lhes que não havia nada de errado com o casamento criado por Deus, o problema era o coração deles. O mal está sempre aí, no coração.
É “por causa da dureza dos vossos corações” disse Jesus.
Então, saibamos com isso, que o nosso casamento é uma benção de Deus para nós, mas o nosso coração endurecido é perito em transformá-lo em maldição.
v Por que casamentos com mais de trinta anos de existência desembocam no divórcio?
v Por quais motivos os votos tão prometidos no altar são esquecidos na hora da assinatura do divórcio?
v Por que muitos casamentos vivem em constante “estresse conjugal”?
v O que leva a um matrimônio, com tão boas expectativas no namoro e no noivado, chegar as barras de um tribunal a ferro e fogo?
· Certo irmão me procurou no trabalho e disse que não entendia porque depois de 16 anos de casados, com um filho para criar, sua mulher do nada resolveu se separar. Detalhe: são “crentes”.
· Certa mulher procurava desesperadamente um filme sobre casais que estavam em crise e que restauraram seu casamento, porque seu marido tinha saído a uma semana de casa sem a menor justificativa legal. Todos dois se dizem crentes em Cristo.
v O que leva um casal chegar a esse triste fim?
Jesus respondeu: “por causa da dureza dos vossos corações”.
v Quais são as evidências de um coração conjugal endurecido?
1) A santidade é extirpada dos vínculos matrimoniais.
1. O respeito mútuo desaparece e surgem:
a) os palavrões debaixo calão
b) as brigas intermináveis por picuinhas
c) os desentendimentos na área sexual
d) as desconfianças e ciúmes
e) as mentiras e enganos
f) as violência domestica física e verbal
g) os desencontros de assunto a conversar
h) as desconsiderações sobre o que a Bíblia diz sobre o divórcio
i) as tentações sexuais se valendo de carência emocional e etc.
Hb. 13.4 – “Digno de honra entre todos seja o matrimônio, bem como o leito sem mácula; porque Deus julgará os impuros e adúlteros”.
2. Esta grande verdade e ordenança bíblica, não fazem mais sentido algum para um coração conjugal endurecido.
v Como está a santidade de seu casamento?
2) A estrutura matrimonial segundo a Criação, é desequilibrada.
· Quando Paulo escreve aos coríntios falando a respeito da mulher usar véu na cabeça em sinal de submissão, ele nos apresenta a estrutura matrimonial da Criação muito bem definida.
I Co. 11.8-12
Ef. 5.22-25
I Pe. 3.1-2,7
3. Pois bem, essa estrutura está totalmente de cabeça para baixo em nossos tempos.
4. Apesar de haver muitas interpretações errôneas quanto a estes versos bíblicos;
5. Já não podemos mais dizer que a mulher é a parte frágil, e muito menos que o marido é a cabeça do lar.
6. Os homens têm perdido a autoridade moral e espiritual dentro de seus lares, e as mulheres, com um senso maior de independência, tem tomado à dianteira.
7. Até porque muitos homens já nem são exemplos morais de autoridade dentro de casa; e quando querem se impor, é no grito e não com exemplo de vida e pratica.
8. O que a sociedade caída chama de “tempos modernos”, as Escrituras chama de desequilíbrio e pecado.
9. Hoje é normal ver homens em casa cumprindo o dever das mulheres, e as esposas cumprindo o dever dos homens.
10. Claro que por vivermos em uma demanda geo-ocupacional e as mulheres terem de trabalhar fora, isto em momento algum é motivo para o homem tomar o segundo lugar em casa e a mulher o primeiro.
11. Eu não estou dizendo que o marido não possa ajudar a esposa em alguns afazeres domésticos, mas sim, que este não é o papel primário do homem perante a família.
v Todavia, não é isto que temos visto em nossos dias?
Ø A mulher é quem compra o carro
Ø A mulher é quem compra a casa
Ø A mulher é quem tem as senhas do banco
Ø A mulher é quem tem o domínio do cartão de crédito
Ø A mulher é quem demanda as diretrizes do lar
Ø A mulher é quem rege o setor financeiro da família
Ø A mulher é quem comanda o casamento e etc.
12. E o marido está lá feito um banana perguntando: “amor e o que é que eu faço?”.
Alguém disse: “É o varão e a varunca, manda ela e ele nunca”.
v Quem é a autoridade final em seu casamento, você ou sua mulher?
13. Portanto, este é mais um problema de coração conjugal endurecido pelas filosofias matrimoniais de nossa época.
14. Cuidado! Analise se seu coração não está nessas condições de insubmissão a seu marido; caso esteja, busque ajuda, pois você está em grave pecado contra Deus.
15. Ou você, marido, analise se não se encontra nessa situação de perca de liderança matrimonial, caso esteja, busque retomá-la das mãos de sua mulher com muita sabedoria, pois você está em pecado contra Deus e prestará contas por isso.
16. Tudo isto acontece por causa da “dureza do nosso coração”, e resulta num divórcio.
3) O divórcio, e não o perdão é a melhor opção.
1. Um coração endurecido pelo peso das mágoas é incapaz de perdoar.
2. E muitos aqui hoje estão com o coração, em algum lugar lá dentro, endurecido por causa de alguma ferida aberta do passado que não cicatrizou.
3. Feridas mal curadas do passado de vez em quando são inflamadas rapidamente.
4. Na primeira discussão, tudo vem à tona novamente e com isto todo o terror.
5. Então, está explicado porque muitos preferem o divórcio, ao invés do perdão.
6. Todavia, é necessário ficarmos com o que Cristo disse, a fim de preservarmos o nosso casamento do mal chamado divórcio.
V. 8 – “... não foi assim desde o princípio”.
7. No princípio Deus instituiu o casamento para ele durar a vida toda.
8. Divórcio é invenção humana, e não do Senhor. É da terra e não do céu.
9. Então, cabe a mim e a você preservar nossos casamentos a luz desse grande princípio.
10. Buscando viver com um coração sensível a Deus e suas verdades.
11. Um coração sensível ao nosso cônjuge com o compromisso de fidelidade, amor, respeito, carinho, atenção, submissão ou autoridade no Senhor.
12. Que Deus nos livre do infernal divórcio, e que a sua bênção repouse sobre cada matrimonio aqui representado.
Crisóstomo reuniu, adequadamente, este assunto às bem-aventuranças e comentou em sua homilia: “Pois aquele que é manso, pacificador, humilde de espírito e misericordioso, como poderia repudiar seu cônjuge? Aquele que está acostumado a reconciliar os outros, como poderia se separar daquela que é a sua própria carne?”.
John Stott – “Entendendo o ideal, propósito e chamamento divinos ao matrimônio, o divórcio só pode ser considerado uma trágica degeneração”.
13. Que nossa oração seja: Oh Deus, livra-nos da degeneração do divórcio.
14. Concluímos, então, dizendo que, o papel do marido e da esposa a luz do evangelho, é o de manter vivos e atuantes os votos feitos no dia oficial de casamento.
v Você ainda lembra de quais foram os votos que fez lá no altar?
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